Potencial alelopático de Dodonaea viscosa (L.) Jacq.

Autores

  • Fabiana Maraschin-Silva
  • Maria Estefânia Alves Aqüila

Palavras-chave:

alelopatia, Dodonaea viscosa, inibição, germinação, crescimento.

Resumo

Dodonaea viscosa (L.) Jacq. apresenta a capacidade de formar populações densas e dominantes, sendo possível a ocorrência de alelopatia como uma das estratégias no estabelecimento dessas populações. Com o objetivo de verificar a existência de potencial alelopático nessa espécie, foram realizados bioensaios de germinação e crescimento inicial em placas de Petri, usando-se alface como planta alvo. Extratos aquosos de folhas secas de D. viscosa, nas concentrações 2 e 4%, obtidos por maceração estática com água fria e quente, foram utilizados. Como controle, usou-se água destilada. Determinou-se o pH, o potencial osmótico e o resíduo dos extratos para excluir efeitos não alelopáticos. Taninos e saponinas foram detectados nos extratos por reações fitoquímicas qualitativas. Ambos extratos preparados a frio e o obtido a quente a 4% afetaram a germinação da alface, alterando a germinabilidade, o tempo médio, a velocidade média e a entropia de germinação dos aquênios tratados. O desenvolvimento do hipocótilo e da raiz da alface foi inibido pelos extratos obtidos a quente. Os resultados indicam a existência de potencial alelopático em D. viscosa, uma vez que os extratos contêm substâncias químicas possivelmente inibitórias à germinação.

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Publicado

2005-06-18

Como Citar

Maraschin-Silva, F., & Aqüila, M. E. A. (2005). Potencial alelopático de Dodonaea viscosa (L.) Jacq. Iheringia, Série Botânica., 60(1), 92–98. Recuperado de https://isb.emnuvens.com.br/iheringia/article/view/208

Edição

Seção

Artigos